Na Casa do Pai (Mãe), aliás, palavras por mais
belas ou objetivas que sejam apenas apontam para algo que já ouvimos falar
(imaginamos como sendo subjetivamente) ou visualizamos, experimentamos
(objetivamente). Quanto a Essência Criadora, essa não se consegue definir por
palavras, apenas sentimos em nosso âmago e, portanto, sabemos com certeza dessa
Presença Maior que justifica nossa busca por compreender a Criação e a sede por
conhecimento que nos afasta qualquer pretenso tédio cotidiano. Há exceções, mas
esses não se preservam o bastante para superar a supressão de sua natureza
primordial.
Várias moradas, diferentes ambientes, vários modos
de ser e de agir, contudo cada um conforme o seu limite de locomoção. Em
essência todos destinados ao crescimento e aprimoramento de algo, que por falta
de conhecimento do intangível em nós, chamamos espírito, alma, ou seja, nossa
consciência do eu, aquela que resta depois de tudo em nós apaziguado, o íntimo
que alcançamos ao meditar... Não temos contato com nossos irmãos de evolução,
alguns mais adiantados, outros menos, mas todos em níveis diferentes nesse
Cosmos ainda pouco conhecido. Em outros Universos: outros cosmos, outras
realidades..
Vamos acordando aos poucos, pois sabemos o que acontece a uma
manada de quando algo inusitado lhes aparece: todos correm desesperados, se
atropelam, se desesperam. Um ou outro indivíduo é controlado, ou controlável,
ou melhor, consegue dominar seu medo natural, mas milhões se desesperam e,
embora a verdade se apresente a todo instante, apenas acreditam naquilo que
suportam acreditarem. De muitos lugares vem pesquisar nosso curso evolutivo,
por algum tempo fazem suas manobras, mostram-se aos mais preparados, mas parece
regra geral a não interferência, até porque sabemos o quão desastroso foi a
chegada dos navegadores às américas nos relatos históricos. A catástrofe
bacteriológica dizimou muitos que não resistiram às doenças dos visitantes do
velho mundo. Há também o choque de ideias, uma vez que a ganancia dos povos que
desembarcaram contrastavam com a ingenuidade das massas aborígenes.
Temos conceitos formados a respeito de tudo e
medimos a tudo conforme nosso ponto de vista e aí a maioria dos preconceitos da
sociedade. Toda a vida lá fora deve ter conformação tal qual a nossa ou não é
vida. Um ser consciente deve necessariamente possuir o mesmo padrão que
encontramos em nosso planeta. Quanto ingênuos somos, mas ao contrário dos
aborígenes dos tempos da colonização, quão perigosos somos, pois ao primeiro
encontro com o desconhecido trememos de medo e se armados, atiramos antes para
perguntar depois e, principalmente com a curiosidade corremos para dissecar o
algo abatido para aprendermos sobre! Fazemos isso com nossos próprios
semelhantes, então o que esperar da humanidade em relação aos nossos visitantes
não humanos...
É paradoxal, mas apesar de todo avanço científico
e tecnológico ainda procedemos como trogloditas: seres que em sua maioria
apenas vegeta na vida, sem filosofar a respeito da existência. Muitos pensam
somente em si mesmos, até mesmo quando constituem família, pois a maioria o faz
pensando em beneficiar-se do atendimento a si na velhice, são raros os seres
que inspiram seus filhos a serem livres e cidadãos do mundo, a serem pessoas
desapegadas a buscar o avanço civilizatório, a evolução mental, psicológica,
moral e tecnológica para beneficiar a maioria.
A superpopulação mundial é fruto dessa
irracionalidade! Não se dá educação suficiente e qualitativa, nem abrigo,
agasalho ou se supre adequadamente toda necessidade a que seres conscientes tem
direito. O potencial em nós é espetacular, mas ainda estamos nas cavernas. Podemos
voar alto e livres universo afora, mas ainda rastejamos. Como as lagartas que
não sabem o futuro que os aguarda. Em não nos destruindo no percurso
terminaremos nossa jornada como seres livres e conhecedores de verdades nunca
sequer imaginadas até o momento em nossa fase evolutiva. Findado esse ponto
então, uma nova humanidade será por aqui desembarcada e todo o processo se reinicia,
até que o planeta não mais de suporte a vida, então novas casas do pai hão de
ser edificadas para que os filhos da Essência Criadora possam aprender, através
de erros e acertos, empiricamente, como se sós estivessem nesse vasto universo,
uma fase para poderem amadurecer e prosseguir na jornada pelo descobrimento de
si mesmos, para buscar a essência de onde tudo provêm e pelos motivos que ainda
não temos as respostas.

